Ir. Andréia

A Eucaristia:

Alimento para o caminho

Uma reflexão a partir de Lc 24,13-35



I – Oração / Motivação



Refrão Contemplativo: Jesus, tu és a luz dos olhos meus

Proclamação do Evangelho: Lc 24,13-35

Poesia: O percurso do Lógos na existência humana

Canto Inicial: “Mesmo de noite”



II– Introdução



“Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles” (Lc 14,15)



            À luz do encontro de Jesus com os Discípulos de Emaús “no caminho”, vamos perceber como Deus nos alimenta ao longo do nosso caminhar existencial, deixando-nos iluminar pela experiência do povo da Primeira Aliança e da Aliança definitiva

            Nosso Deus é um Deus que se põe a caminho CONOSCO – EMANUEL (Deus Conosco). Não é um “Deus-sozinho” ou um “Deus-consigo”, ou ainda um “Deus-por-nós-sem-nós”. Não! Ele é um “Deus-por-nós”, mas CONOSCO.

            E isso tem um grande diferencial: É um Deus que não quer assumir sozinho o protagonismo na relação, mas nos envolve e nos torna protagonistas junto com ele. E este protagonismo é para nos conferir dignidade.

            Deus fica feliz quando percebe os nossos passos. Não por ele, mas por nós. Nosso crescimento não acrescenta nada ao “seu crescimento”. O aumento da nossa auto-estima não aumenta a “auto-estima” nele. Ele é; e nós estamos em processo de nos tornar. Toda oferta dele a nós é pura GRATUIDADE.



III – Um Deus que nos alimenta nos caminhos da história



No Jardim do Éden...



“Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles” (Lc 24,15)



            Esta caminhada inicia-se no desígnio de Deus desde a eternidade e origina-se no “FAÇAMOS o homem à nossa imagem...” (Gn 1,26).

            FAÇAMOS...” e o fazer de Deus toma nas mãos aquilo que não é – O BARRO INERTE –, modela-o e o sopro de Deus em suas narinas, faz com que “aquilo-que-não-é” se torne um “ser vivente” (Gn 2,7).

            Mais. “FAÇAMOS...” diz de continuidade. Deus faz e continua a obra iniciada – como reza o salmo 137,8: Ele “Não abandona a obra que suas mãos iniciaram”.

            Para garantir a continuidade ele se coloca conosco, junto a nós no caminho e a caminho.

            Gn 3,8 aponta para um Deus que “passeia no jardim à brisa do dia” com o ser humano e pedagogicamente o educa.



Jacó e a Presença que ainda não chegou à consciência

Gn 28,15-16

                       

“Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles” (Lc 24,15)

                       

            Embora Deus se coloca a caminho conosco e sempre nos orienta com a sua presença, muitas vezes, assim como aconteceu com Jacó, nós é que nem sempre, somos capazes de perceber, de tomar consciência desta sua Presença entre nós: “De fato, Javé está neste lugar e eu não sabia disso”

                        Foi o mesmo que aconteceu com Cléofas e seu companheiro : “Os discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram” (Lc 24,16).

            Muitas vezes acontece assim também conosco.

                        Um elemento que nos atrapalha a perceber e reconhecer a Presença não é simplesmente a falta de consciência, mas a facilidade que temos de nos “ACOSTUMAR” com tudo. Quando nos “acostumamos” tendemos a banalizar, achando que já vimos tudo o que deveríamos ter visto, já ouvimos tudo o que deveríamos ter ouvido...

            Já Rubem Alves nos convida a olhar a todas as realidades com os olhos de uma criança, que vem tudo como se estivesse vendo pela primeira vez. (CITAR)

            COTIDIANO – COSTUME – aprender a se reencantar: eis o desafio!

            Mas, pouco a pouco ELE mesmo nos nutre com a sua Presença: vai caminhando conosco, nos explica as Escrituras, faz voltar a arder o coração e reparte o PÃO. Neste momento, nossos olhos se ABREM!



            Dois aspectos importantes:



*      EUCARISTIA – Presença de um Deus CUM PANIO =

companhia / companheiro – Um Deus que faz companhia à pessoa humana.

CUM PANIO = Partir o pão COM / junto



*      No CAMINHO, duas mesas são postas para que possamos nos aproximar e nos nutrir das suas iguarias:



MESA do PÃO da PALAVRA + MESA do PÃO EUCAÍSTICO



De fato, estas duas mesas constituem expressões complementares da mesma e única Presença do Senhor entre nós, como nos afirma o Concílio Vaticano II:



A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras, da mesma forma como o próprio Corpo do Senhor, já que, principalmente na Sagrada Liturgia, sem cessar toma da mesa tanto da Palavra de Deus quanto do Corpo do Cristo o pão da vida, e o distribui aos fiéis. (DV 21)



Cristo está presente em sua Igreja, sobretudo nas ações litúrgicas (...). Presente está pela Sua Palavra, pois é Ele mesmo que fala quando se lêem as Escrituras na Igreja. (SC 7)

Maná – O que é isso?

Uma vida que se interroga pelo pão do sentido

Ex 16,14.15



“... Pela manhã havia uma camada de orvalho

ao redor do acampamento.

Quando a camada de orvalho se evaporou,

na superfície do deserto apareceram

pequenos flocos, como cristais de gelo.

Ao verem, os filhos de Israel perguntaram:

‘Que é isso?’

Porque não sabiam o que era”.



            No deserto, somos alimentados pelos questionamentos que Deus provoca em nosso coração – MANÁ? – O que é isso? Quem não se faz perguntas dificilmente encontrará respostas. As verdades mais significativas e fundamentais é que dão sentido à vida da pessoa humana. Uma vida sem “maná” – O que é isso? – é uma vida sem perguntas. E uma vida sem perguntas, é uma vida sem busca, sem desejo, sem possibilidade de encontro com a verdade. Uma vida sem “maná” (perguntas) é uma vida que se “conforma” ao que lhe vem, na passividade. Uma pessoa que “se deixa” viver assim nunca será sujeito, protagonista da própria história, permanecendo fadada à mesmice, a uma vida sem criatividade e novidade.

            Jesus diz que ele é o verdadeiro pão do céu.



Eu garanto a vocês: Moisés não deu para vocês o pão que veio do céu, porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo... Eu sou o pão da vida...” (Jo 6,32ss).



            Ele é a verdadeira pergunta que nós precisamos nos fazer e ele é a única resposta capaz de transformar em certezas todas as interrogações que trazemos no coração.

            “Man-hu?” – “Maná?” – “O que é isso?”

            E é ele mesmo quem nos responde:

            ... Eu sou o Pão da vida

            ... Eu sou a Porta das ovelhas

            ... Eu sou a Luz

            ... Eu sou o Bom Pastor

            ... Eu sou a Ressurreição e a Vida

            ... Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida

            EU SOU... YHWH...



            E nesta relação ele se comunica a nós e nos diz que a sua origem está em JAVÉ e que n’Ele nós também podemos ser em Javé e viver saciados nesta fonte inesgotável.

            A pessoa capaz de se interrogar pelo sentido é uma pessoa de com-templação: sabe entrar no templo da realidade e permanecer aí por um tempo, em busca de essencialidade. E isso tem a ver com inteligência. Inteligente é aquela pessoa que sabe intus legere – ler a realidade a partir de dentro, de seu cerne, deixando a superfície, a borda, para ir mais adiante, “avançando para águas mais profundas” (Lc 5).

            Nós vivemos num tempo carente de profundidade. Tentam nos convencer de que nos basta a superficialidade. Somos incentivados a:

            - relações superficiais,

            - conhecimentos superficiais,

            - aprendizados superficiais,

            - espiritualidade superficial.



            Sabemos sobre uma imensidão de coisas e realidades e não nos detemos no significado mais profundo delas. Sabemos tudo e corremos o risco de não sabermos de nada.

            Porém, não basta apenas nos contentarmos com a pergunta: “O que é isto”? É sem dúvida já um bom começo. Mas, se quisermos avançar, precisaremos dar conta de nos fazermos uma outra pergunta: “O que isto significa”? Então, seremos capazes de sair da condição de superficialidade e mergulhar no templo, no interior, onde habita a essência da realidade.



            Senhor, dá-nos sempre desse pão” (Jo 6,33).

            Senhor, dá-me dessa água” (Jo 4,15).

            Eles não tem mais vinho” (Jo 2, 3).

            Fica conosco, Senhor” (Lc 24,29).

            Senhor, ensina-nos a rezar” (Lc 11,1).



            Aproximemo-nos de Jesus, a Palavra do Pai feita Carne (Jo 1,14). Deixemos que Ele, nos comunique a verdade sobre o Pai, a verdade sobre nós mesmos. Deixemos que a sua Palavra aclare a nossa consciência e nos esclareça, conferindo sentido à nossa existência.

            A Palavra feita carne, é a Palavra feita Eucaristia para a vida do mundo. Na celebração do Mistério Eucarístico, na escuta da Palavra e demorando-nos com a Presença de Jesus na contemplação Eucarística, deixemos que Ele continue nos falando e nos esclarecendo sobre nossas mais profundas interrogações. Ele é a única resposta capaz de satisfazer plenamente à nossas infinitas perguntas







Elias no deserto

“Levante-se e coma”

1Rs 19,4-8





            Neste sentido, já no livro dos Reis, o Pão oferecido a Elias no CAMINHO do deserto, já é uma figura da realidade do PÃO EUCARÍSTICO – alimento para o caminho: “Levante-se e coma, pois o caminho é superior às suas forças. Elias se levantou, comeu, bebeu e, sustentado pela comida, caminhou quarenta dias e quarenta noites até o Horeb, a montanha de Deus” (1Rs 19,7b-8)



            O anjo não o levantou, mas disse: “levante-se e coma”.

           

            Elias: se levantou, comeu, bebeu e SUSTENTADO caminhou 40 dias e 40 noites.

           

            A primeira vez Elias não fez muito esforço. Comeu pouco e deitou-se novamente.





Pergunta:



*      Quando é que o caminho se torna superior às nossas forças? – Quando estamos sem nutrimento que nos garanta ter energias para caminhar.
*      O caminho não pode ser superior às nossas forças, pois temos um alimento nutritivo.



Canto: “A força da Eucaristia”



Passo a passo... pouco a pouco... e o caminho se faz...

... e nos assemelhamos ao Verbo feito Carne...



Nós, pessoas humanas, vamos sendo constituídas como tais, ao longo do nosso caminhar existencial. “FAÇAMOS”! Uma obra iniciada, mas não concluída, acabada. A pessoa humana não nasce pronta, se faz! A Trindade, num diálogo aberto se propõe: “FAÇAMOS”! A mesma Trindade nos propõe que “FAÇAMOS” junto com ela: “E Deus os abençoou e lhes disse: ‘Sejam fecundos, multipliquem-se, encham a terra e submetam a terra; dominem...” (Gn 1,28ss).



DOMINAR, ser senhores, fecundos, cultivando a vida = é esta a nossa parte no FAÇAMOS dirigido a nós. É um fazer que se dá no percurso, no caminho, juntamente com Ele.



“Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles” (Lc 24,15)



            O caminho é o lugar por excelência do DISCIPULADO. Somos DISCÍPULAS e DISCÍPULOS de um Deus que se põe a caminho e no caminho por nós e conosco.

            Há um “FAÇAMOS”...

            Mas há também um

            E o Verbo se fez Carne – fez-se um de nós – e habitou entre nós. Armou a sua tenda, a sua barraca entre as nossas” (Jo 1,14).

            Na encarnação do Verbo na realidade do caminhar humano, temos a maior prova de amor de Deus por nós.

            Nosso Deus é um DEUS-PEREGRINO – Um Deus que se faz peregrino de nós! “Caçador de nós”. Um Deus à nossa procura. Como ele sabe que o nosso habitat é o caminho, então ele se põe no caminho onde estamos. Ele sabe que é aí que irá nos encontrar.



            E o Verbo se fez Carne. E o Verbo assume a nossa carne.

            E o Verbo nos dá a SUA Carne como ALIMENTO:

            “Tomai e comei... Tomai e bebei...”

            O que significa tomar e comer a carne?

            Significa tomar e comer. EXISTÊNCIA. Comer = ASSIMILAR = ASSUMIR.

            E é por isto que ele continua:

            “Fazei ISTO em memória de mim”

            O que significa fazer ISTO? O que é este ISTO?

            Significa transformar a própria existência neste ISTO.

            O Verbo se fez Carne. Assumiu a nossa carne e a revestiu da sua.

            Agora somos convidados a encarnar na nossa própria existência todas as realidades com as quais o Verbo enriqueceu esta carne assumida por ele.

            ... E o Verbo se fez Carne...

            ... E a pessoa humana acolhe a carne do Verbo em si e se transfigura no Verbo.

            É este o convite que nos é feito por Paulo quando ele nos pede que nos configuremos a Cristo.



            Onde isto acontece? No caminho.

            Nos caminhos da humanidade, como nos relata Lucas em sua composta Obra – Evangelho e Atos – peregrinando junto ao Verbo ele vai nos constituindo Discípulos e Discípulas.



            O caminho de Jesus e o nosso caminho são o único e mesmo caminho no qual Deus Pai vai realizando conosco e em nós a nossa salvação.

            Ao longo do caminho, o Pão Eucarístico do qual nos alimentamos vai nos ajudando a memorar o “FAZEI ISTO”, atualizando a atividade do Mestre no cotidiano de cada tempo da história, configurando-nos a ele, assumindo os seus sentimentos e projetos, como nos orienta Paulo e nos pede o Concílio Vaticano II:



As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo. (GS 1).





Ser Discípulo...

... Seguir o Mestre pelo caminho e aprender a dar de comer

Jo 6 – A multiplicação dos pães



            No caminho, o Mestre nos educa ao seguimento.

            Ouvimos seus ensinamentos, acolhemos sua Palavra e somos chamados a também nós darmos de comer àqueles que, ao longo do caminho, se aproximam de nós.

            A vocação do Discípulo é a de ser Eucaristia – alimento – a exemplo do Mestre.           



            Jesus:

            “Onde vamos comprar pão para eles comerem?”



            André:

            “Aqui há um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixes. Mas, o que é isto para tanta gente”?



            Jesus:

            “Falem para o povo se sentar”


Algumas figuras exemplares
que nos ensinam com sua vida



*      São Pedro Julião Eymard

“Tendes a Eucaristia. Que quereis mais?”

“Eu fui um pouco como Jacó: sempre a caminho”



*      Beata Elisabete da Trindade

“Nada me fala mais do amor que há no coração de Deus que a Eucaristia”.

*      São João da Cruz

"Meus são os Céus e minha é a Terra, meus são os homens, e os justos são meus; e meus os pecadores. Os Anjos são meus, e a Mãe de Deus, todas as coisas são minhas. O próprio Deus é meu e para mim, pois Cristo é meu e tudo para mim."



“Aquela eterna fonte está escondida, neste pão Vivo para dar-nos vida, mesmo de noite”.



*      Servo de Deus Rafael Delle Nocche

“A Eucaristia deve ser toda a vossa vida”



“O coração de Jesus está presente na Santa Eucaristia, vivo, real, palpitante. A Eucaristia, Obra de Arte do Coração Divino, lhe é a última palavra de amor e a suprema atração; e podemos dizer, por isso, que é o coração do cristianismo. A fraternidade entre os homens – luminoso e constante ideal da Igreja Católica - recebe, na participação ao Coração Eucarístico a restauração, o crescimento e a perfeição”.



*      Santa Edith Stein

“Em minha busca da verdade, descobri como a Eucaristia traz plenitude à vida”.



*      Santa Teresinha de Lisieux

Entendi que a Igreja tem um coração e este coração está inflamado de amor. Então, delirante de alegria, exclamei: Ó Jesus, meu amor, encontrei afinal minha vocação: minha vocação é o amor. Sim, encontrei o meu lugar na Igreja, tu me deste este lugar, meu Deus. No coração da Igreja, minha mãe, eu serei o amor e desse modo serei tudo, e meu desejo se realizará.

















*      São Paulo

Fil 3,7ss



“Por causa de Cristo, tudo o que eu considerava como lucro, agora eu considero como perda... quero assim, conhecer Cristo, o poder da sua ressurreição e a comunhão em seus sofrimentos para tornar-me semelhante a ele em sua morte, a fim de alcançar, se possível, a ressurreição dos mortos. Não que eu já tenha conquistado o prêmio ou que já tenha chegado à perfeição; apenas continuo correndo para conquistá-lo (...) Esqueço-me do que fica para trás e avanço para o que está na frente. Lanço-me em direção à meta (...)”.



No caminho, avançando em direção à meta, vamos prosseguindo.

Qual é a meta? Configurar-nos a Jesus:

Já não sou eu que vivo; é Cristo que vive em mim



Todas as coisas foram criadas conforme a imagem do Cristo – Ef 1,3-14 – E o nosso caminhar é uma ida ao encontro do aperfeiçoamento desta imagem, até que, atingindo-a, a história chegue à sua Plenitude – Ef 1,10.



No caminho, o ALIMENTO EUCARÍSTICO vai nos configurando a Cristo.



É isto o que acontece no processo: Nós vamos nos TRANSFORMANDO naquilo que COMEMOS à medida em que o nosso corpo assimila as propriedades dos alimentos.



Aqui cabe-nos uma PERGUNTA:
Somos nós que assimilamos a Eucaristia ou é a Eucaristia que nos assimila? Nós nos configuramos a Cristo ou é Cristo que nos configura a si?



*      Cardeal François-Xavier Van Thuan

Bispo Vietnamita. Preso a 15 de agosto de 1975 a 21 de novembro de 1988 pelo regime comunista, que o encaminhou a vários campos de reeducação.

Págs. 43 a 48 do livro “Cinco pães e dois peixes”.



























IV - CONCLUSÃO



É preciso permitir que o Mestre nos abra os olhos



“Quando chegaram perto do povoado para onde iam,

Jesus fez de conta que ia mais adiante. Eles, porém, insistiram com Jesus, dizendo:

‘Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando’.

Então Jesus entrou para ficar com eles.

Sentou-se à mesa com os dois, tomou o pão e abençoou,

depois os partiu e deu a eles.

Nisso os olhos dos discípulos se abriram, e eles reconheceram Jesus.

Jesus, porém, desapareceu da frente deles”.

(Lc 24,28-31)



            Quem faz a experiência com Jesus de Nazaré e experimenta seu projeto, passou pela experiência da Cruz – opção pelo Pai e pelo Reino até as últimas conseqüências – é que terá condições de abrir os olhos ao partir o Pão Eucarístico e fazer a experiência do Ressuscitado. É um caminho.

            Os discípulos de Emaús reconhecem que o Ressuscitado é o mesmo Jesus de Nazaré, aquele com quem haviam condividido a vida e que havia sido crucificado.

            Só identificaremos o “peregrino” que caminha ao nosso lado se alargarmos e aprofundarmos nossa experiência com ele no cotidiano de nossa existência.

            Aí então, nossos olhos se abrirão um pouco mais a cada Eucaristia celebrada, e a cada momento de adoração ao Mistério Celebrado.



            Não importa se nosso olhar se embaça vez ou outra...

            ... Não importa que não percebamos que ele está no lugar onde estamos em um ou outro momento da vida, como aconteceu a Jacó...

            ... Não importa se à primeira vista não o reconhecermos no caminho...

            ... importa que não saiamos do caminho e que nunca abandonemos nossas buscas.



Oração Final:

            Fica conosco, Senhor, pois de ti irradia em nossa direção uma luz que aclara a consciência e o ser. Antes que tu chegasses estávamos “como que cegos” (v.16), nosso olhar era sombrio e tornava triste o aspecto de nosso semblante (v. 18). Ao longo do caminho, porém, não sabemos como, mas o nosso coração voltou a ser aquecido e começou a arder novamente. Em nosso olhar já começa a cintilar um tênue, mas verdadeiro brilho de esperança.

            Fica conosco, já é tarde. Não queremos que a sombra da noite traga consigo a possibilidade de que as trevas, que começaram a ser dissipadas voltem a dominar sobre nós.

            Fica conosco, Senhor! Ajuda-nos a te reconhecer pelos caminhos da história e a te seguir.

Fica conosco, Senhor! Queremos permanecer na luz. Continua devolvendo brilho e contentamento aos nossos olhos. Amém!



Canto: Doce Madrugada

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